LUCAS SIMÕES: OTIUMmuitoOTIUM

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Apresentação

A palavra Otium [ócio] tinha um significado ambíguo na Roma antiga. Se referia tanto à uma pausa, um momento de reflexão, ou até mesmo preguiça. Seu antônimo, Negotium [negação do ócio] se referia tanto à ação do trabalho, ou ao envolvimento na vida pública e política.

 

A Casa Triângulo tem o prazer de anunciar a nova exposição do artista Lucas Simões, que investiga como momentos de pausa e de ação, hedonismo e prazer - e a transição entre os dois – podem ser assimilados e traduzidos materialmente. Lucas trabalha com concreto e aço, esculturas que tem origem nas visitas feitas pelo artista às escavações das Casas de Ócio (séc. I a.C - I d.C) nos arredores da antiga cidade de Pompeia. Lugares de Otium, que foram especialmente projetados para ­­­a prática do descanso e da contemplação intelectual. Um espaço de reflexão para preparar a elite Romana para os deveres públicos.

 

Como uma Roma em ócio, volumes de materiais contrastantes se envolvem e se penduram em esculturas de parede e de chão; o metal em um abraço sedutor com o concreto pigmentado, o concreto reclinando-se sobre as chapas de metal. As cores são brandas, uma recordação dos afrescos desbotados que o artista encontrou nas Stabiae. Em Dormentes, uma das séries apresentadas, carrega um senso de erotismo e sensualidade. As superfícies de metal se curvam e se encostam como uma língua; o concreto, macio, se pendura, suspenso, como se as esculturas, estimuladas, se levantassem de um sono. Em uma segunda série de trabalhos, os Corpos de Prova, Simões retorna ao seu familiar uso do papel como matéria escultórica. As pilhas de folhas brancas moldadas entre dois blocos geométricos móveis, ganham formas diferentes de acordo com a posição de seus lastros de concreto. Esta cinética relembra um senso de sociabilidade, os objetos negociam modos de como o espectador pode viver e conviver com elas. Negotium em ação.

 

Com sua prática em arquitetura Lucas Simões nos trás a ideia do desenho [desígnio] como um agente ativo: o material possui a faculdade de determinar seu comportamento. O artista fala de suas esculturas usando termos quase sencientes, ambos produtos do desejo e como máquinas na produção de desejo. Agora, elas deixam o repouso de seu ateliê, para ganhar a vida pública no espaço da galeria.

 

por Oliver Basciano