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Casa Triângulo tem o prazer em apresentar Peixe das Nuvens, a primeira exposição individual de Zé Carlos Garcia na galeria, com ensaio crítico de Daniela Labra.
E como se fosse sonho, uma chuva caiu trazendo peixinhos brilhantes no bairro de Santa Teresa, Rio de Janeiro. O caso, ocorrido há alguns anos e testemunhado por moradores, diz respeito ao fenômeno chamado de Chuva - ou Nuvem - de peixes que acontece quando um tornado, em tempestades fortes, suga um cardume do oceano ou lago e o transporta para a terra pelos céus. Quando os ventos arrefecem, os animais em suspensão no ar caem como a água das nuvens e parecem “chover”. O Peixe das Nuvens que dá título à mostra, por sua vez, não cai do alto, mas brota do solo. Ele é uma espécie pequena e colorida da família Rivulidae que vive em poças e possui ovos que resistem em charcos secos por meses. Quando as temporadas de chuvas retornam e inundam essas áreas, os embriões eclodem e os bichinhos aquáticos parecem nascer do chão.
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Peixe das nuvens , 2025
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Fruta, 2025
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Cobra [Suíte series], 2025
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Algumas peças possuem características arquetípicas, como é o caso de Monada: um antebraço e uma mão com um olho na palma que se sustenta por uma haste de madeira roxa erguida em uma base oval. Ela é considerada pelo artista como a mais poderosa unidade de força do conjunto, porque é para ela que tudo converge. Monada, na linguagem científica significa, ainda, uma substância simples, ativa, indivisível, de que todos os entes são formados. O universo proto-surrealista de Hieronymus Bosch é uma inspiração na criação desses seres fantásticos que emergem das toras, troncos e galhos com seus nodos, veios, sinuosidade, cor, densidade.
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Monada , 2025
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Múmia , 2025
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Palavra, 2023
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Vendo com outros olhos , 2025
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Cabeça de bacia , 2025
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Traíra , 2025
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Jabuti (Preto series 01 - 05), 2025
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Menino, 2025
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Luto Tropical V , 2025
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Zé Carlos Garcia esculpe objetos desde muito pequeno. Quando jovem, entrou na faculdade de licenciatura e tentou concluir também um Bacharelado em Escultura, no qual foi reprovado ao se recusar a fazer exercícios de peças realistas em madeira. Os considerava óbvios e formalistas e insistia em fazer trabalhos mais conceituais. Contrariando o professor, recebeu notas baixas que o fizeram abandonar o curso. Hoje, sendo um artista maduro com experiência profissional pregressa na confecção de adereços do carnaval carioca, entre outras, ele alia técnica, pensamento estético e conceito. Com os anos, fabulou um cosmos poético fora do protocolo acadêmico para se tornar um dos maiores escultores de sua época. Seu vocabulário imagético está para além da forma - que bobagem! e ostenta uma beleza enigmática solene, atemporal, que não pertence a nenhum verbo nem categoria. É mitologia.
Daniela Labra
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Luto Tropical IV , 2025
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